É triste saber, ouvindo notícias, que um dos grandes da comunicação social portuguesa, o Grupo Global Média, está em dificuldades financeiras. O JN, o DN, a TSF, o Jogo, o Açoriano Oriental, uma participação na Lusa – Agência de Notícias – além de outras publicações, estão no universo dessa empresa de Comunicação Social.
Hoje e amanhã, por consequência disso, um dos títulos mais antigos do Mundo, já soma 134 anos de existência, com sede na Capital do Norte, o Porto, o “JN” – Jornal de Notícias – não se publica. Os seus trabalhadores, jornalistas, nossos colegas e outros colaboradores, estão em greve.
A empresa, detida pelo empresário Marco Galinha, um dos accionistas desse Grupo, tem vindo a acumular prejuízos. Nos últimos 5 anos da ordem dos 39 milhões de euros, sendo que para este ano se prevê um défice de uns 7 milhões.
A paralisação dos colaboradores do Grupo fica a dever-se a um anúncio da empresa de despedimento de 150 a 200 funcionários, um rude golpe para os que saem, para os que ficam – estes com o espectro de a empresa vir a falir, como já se fala – e para o parque da Comunicação Social portuguesa.
O Famalicão Canal não poderia deixar passar esta informação ao lado sem um reparo, sem uma palavra e sem um comentário…no mais e, pelo menos, afirmar a nossa posição solidária para com os nossos colegas dessa empresa, de pergaminhos e com uma forte carga histórica, principalmente os do JN. Jornal de Notícias que, em 134 anos de vida, muito deu, no caminho da informação, da formação e do entretenimento, ao Porto, à Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta, Cidade do Norte.
Este cenário demonstra, por um lado, a falta objectiva de uma política planificada e precisa do Estado para com a Comunicação Social, sem equitatividade de apoios e de subsídios; e, por outro, demonstra que as novas tecnologias começam a ameaçar postos de trabalho e a destronar o homem, como força laboral. É preciso acompanhar os tempos. Os nossos políticos não o têm olhado com descernimento e mostram-se desfasados.
Os Governos, este e alguns anteriores, têm despejado toneladas de verbas para a RTP/Rádio e Televisão de Portugal e Lusa, num despropósito de políticas para o quadro da nossa Comunicação Social, sem ter, até hoje, planificado um Programa que, a partir de propostas concretas, possa incluir projectos para atribuir subsídios e, também, possa promover incentivos. Permitam-me deixar algumas ideias: subtrair ao IVA da publicidade, nos Órgãos de Comunicação Social, uns 17 pontos percentuais, assim como apoiar os estágios dos jovens que saem das Universidades ou de outras Escolas, libertando as empresas de os pagar – caberia ao Estado – e, depois, pelo menos nos 3 anos seguintes, diminuir a carga de impostos – segurança social e de IRS – às empresas que incluírem os novos jornalistas ou outros especialistas, da área dos média.
Esta imagem que está a povoar os céus do Grupo Global Média é não só um alerta para o muito que há a fazer ao nível do sector da Comunicação Social, concertando políticas entre o Estado e as empresas da área; mas é, também, um tempo que deve convidar, todos os actores dos média, a abordar o assunto.
E uma pergunta final: na sua magistratura de interferência, junto dos chamados órgãos de soberania – AR e Governo – que tem feito o nosso Presidente da República quanto a este assunto e outros da Nação ? Foi um bom comentador televisivo. Aliás, não sei bem se conseguiu, como Chefe de Estado, descolar-se dessa sua ex-personagem, o de comentador da TVI. E nessa figura de estilo jornalístico tinha muito poder… Como Chefe de Estado tem sido pouco – é a minha opinião – distribuir abraços, beijos e outros cumprimentos. O povo agradece, mas a Nação não percebe que se remeta aos silêncios quando a sua voz deveria ecoar…para se analisar o presente e o futuro da Comunicação Social.
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