Especializada na sublimação de vestuário desportivo, a Fradelsport viveu em março uma situação que afetou também muitas outras indústrias: as encomendas desceram ao mínimo. Mas os seus responsáveis não baixaram os braços perante os desafios que a pandemia criou. Em resposta, a empresa têxtil de Famalicão reconverteu a produção e, um mês depois, começou a produzir equipamentos de proteção individual, entre os quais, máscaras, batas, manguitos, cógulas e cobre-botas.
Foi mesmo a primeira empresa do concelho a obter a certificação do CITEVE para máscaras reutilizáveis de uso social. Desde então, a Fradelsport, que conta com 60 trabalhadores e que em nenhum momento ponderou recorrer ao layoff, já produziu 400 mil máscaras.
Não fossem os efeitos provocados pela Covid-19, a empresa, cuja faturação média anual ronda os dois milhões de euros, tinha este ano o objetivo de aumentar em 50 por cento o volume de negócios. Um objetivo que precisa agora de “dois ou três anos” para ser atingido, admitiu esta manhã o sócio-gerente, Paulo Reis, durante uma visita do Presidente da Câmara de Famalicão à unidade fabril, localizada em Fradelos, a pretexto do Roteiro pela Inovação.
No entanto, de acordo com Paulo Reis, o negócio das máscaras permite equilibrar o valor bruto e assim ajudar a manter o volume de faturação de 2019, nomeadamente através da exportação para os mercados francês e alemão. Uma operação que se espera que se prolongue só por mais dois ou três anos, até porque começam a surgir os primeiros sinais de abrandamento.
Pelo contrário, já se nota a retoma na procura de vestuário de desporto, “depois de quatro meses de vendas residuais para este setor”, face à paragem nas diferentes competições desportivas em toda a Europa. A empresa representa marcas desportivas como Macron, Adidas, Lotto, Nike, Umbro, Mikasa, entre outras. “As exportações para Itália e Espanha estão agora a permitir-nos voltar a produzir artigos de desporto”, disse.
Por seu lado, Paulo Cunha usou o exemplo da Fradelsport para enaltecer a capacidade de readaptação das empresas famalicenses, contribuindo para a retoma da economia. Aliás, o propósito da visita foi também esse: sinalizar o quanto as empresas têxteis de Famalicão têm sabido, num contexto de enorme dificuldade e adaptando-se às circunstâncias, criar condições para manter a atividade produtiva.
“As empresas não deixaram de querer continuar a crescer, produzir mais, exportar mais e empregar mais. O que aconteceu foi que esses projetos foram adiados no tempo. E estamos cá particularmente porque a Fradelsport foi a primeira empresa em Famalicão a certificar uma máscara, aparecendo na linha da frente daquelas empresas que criaram uma resposta para a comunidade ao nível da saúde pública”, destacou o Presidente da Câmara.
Uma resposta imediata fruto da capacidade instalada nas empresas portuguesas, nomeadamente as de Famalicão, que, com a produção de máscaras, contribuiu para a atual fase de desconfinamento que o país e uma parte substancial do mundo está a fazer.
“Houve uma resposta muito à altura do setor empresarial. E Famalicão foi uma vez mais, no contexto nacional e internacional, uma referência. Não fôssemos nós, como somos, Cidade Têxtil e soubéssemos nós aproveitar, como temos aproveitado, a presença entre nós do CITEVE”, concluiu.
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