“E agora que vida vamos ter é a questão do momento. Muitas são as questões que surgem com o fim do estado de emergência, mas com a pandemia ainda a atacar-nos.
Estamos livres da pandemia? A resposta é muito simples, não, não estamos, aliás se olharmos atentamente para os números vemos que o número de mortes diário está superior à altura em que muitos portugueses começaram o seu isolamento.
Então se não estamos livres da pandemia faz sentido não renovar o estado de emergência? Bem, aqui quer o sim quer o não são possíveis, mas inclino-me para um sim. Faz sentido não renovar o estado de emergência pois será necessário dar um sinal às pessoas de que, com os devidos cuidados, podem voltar aos seus empregos pois é sem dúvida essencial começar a relançar a economia.
E faz sentido o governo declarar o estado de calamidade pública? Novamente tanto um sim como um não são possíveis, mas neste caso inclino-me para um não. Um não porque este estado não foi previsto para situações destas, mas sim para situações mais pontuais como um incêndio ou terramoto e não uma pandemia. Este estado segundo vários constitucionalistas não permite obrigar o confinamento, fechar fronteiras ou isolar concelhos daí não fazer grande sentido a sua declaração.
Faz sentido achar então que vamos voltar à normalidade? Aqui a resposta volta a ser um não, não faz sentido porque como foi acima referido os números ainda nos devem alarmar. Devemos voltar a fazer apenas o essencial quer a nível individual quer coletivo, no entanto não podemos achar que ir passar uma tarde numa esplanada ou ir dar um passeio na praia irá acontecer da mesma forma que antes.
Bem então a verdadeira questão é, e agora que vida? Agora teremos, muito provavelmente, um corte mais drástico na nossa vida social e na convivência pública, a normalidade irá regressar progressivamente, no entanto poderá demorar mais do que o desejado e esse sim será o nosso grande desafio, teremos mais liberdade, mas com isso recai sobre nós mais responsabilidade.
Já dizia Rousseau “de todos os animais, o homem é aquele a quem mais custa viver em rebanho”, esta é a altura de sabermos viver em rebanho e não de ser um lobo solitário.
João Fontes
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