“O Estado é laico. Não se pronuncia sobre questões religiosas, e como tal não toma partido nesse campo. Não espero ver, como se viu no Partido Liberal de Bolsonaro, nestas eleições brasileiras de 2022, que um comício comece com um “Pai Nosso”.
Parece bem esta ideia de afastamento do Estado à religião, e deverá haver pouca gente a discordar disto. E a Igreja? É apartada de opinião política? Infelizmente parece que nos últimos anos tem sido ausente. Uma conduta, ou falta dela, da qual divirjo fortemente.
A Igreja Católica, na minha opinião, tem, ou deverá ter, dois campos de grande intervenção no espaço público. O primeiro que me parece ser cumprido é a caridade. A Igreja tem como obrigação dar resposta aos mais vulneráveis através de intervenção social. E fá-lo. Penso que existem poucos que discordam disto. E os que discordam, são, como diz Cristo: “homens sem inteligência” (Lucas 24, 25).
O segundo papel da Igreja está relacionado com a intervenção política. Ninguém aqui espera que a Igreja seja um partido, no entanto, espera-se de agentes sociais ativos opinião, formulação, argumentação, debate. Na minha opinião, a Igreja Católica, em Portugal, falha redondamente neste campo. Não se vê, ou é impercetível, opinião política de agentes pastorais. É verdade, ainda existem alguns a escrever em jornais, mas parecem centrar-se nas questões religiosas e nos casos pontuais e menos na profundidade da ação política e social.
E porque acontece isto? Falta de qualidade opinativa dos agentes pastorais? Já não existem religiosos intelectuais? Inexistência de liderança forte? Preconceito da comunicação social em relação à Igreja Católica? Existe falta de abertura a debates na comunicação social? O debate está minado pelos casos políticos pontuais? Parece-me um pouco de tudo. A Igreja, infelizmente foca toda a sua ação no debate identitário e das questões da vida e morte. E muito pouco no debate económico e social. Perde-se no debate filosófico. Perde-se com politiquices cirúrgicas sobre a eutanásia e a identidade de género, e esquece-se do debate sobre os mais vulneráveis.
Há quem defenda que a ausência da participação política da Igreja no debate político e intelectual está muito relacionada com a dependência da Igreja dos dinheiros públicos para a gestão das IPSS e unidades. Este argumento, se for verdade, é só parvo. É possível pensar que não existe intervenção política da Igreja contra a política do governo por causa dos dinheiros para as instituições? Que aconteceria se a Igreja fechasse as instituições? Onde está o Estado?
Ausente do serviço social, encaminhando-o para as instituições, sendo grande parte delas geridas pela Igreja. Ou seja, o Estado e o Governo é parte interessada nesta atuação da Igreja, ainda que a financie em grande parte.
Por exemplo, onde está o debate sobre o subfinanciamento das instituições e unidades de cuidados paliativos? A Igreja tem ótima oportunidade de liderar este tipo de debates. Não o faz porquê? Ou se faz, é de maneira competente? É vivo o debate da Igreja sobre os contratos de associação de colégios estarem a diminuir o financiamento e a acabar? Onde está o debate sobre a ação social? Porque não está a Igreja no debate sobre os pobres?
Relembro as palavras de Francisco sobre a política ser a “forma mais alta” de caridade. A Igreja deixou essa caridade. Longe vão os tempos em que todos os dias se lia padres a escrever nos jornais. Longe vão os tempos em que os padres debatiam com políticos. Hoje estão ausentes
do debate. Vão ao sabor dos (poderes) políticos…”
Parece bem esta ideia de afastamento do Estado à religião, e deverá haver pouca gente a discordar disto. E a Igreja? É apartada de opinião política? Infelizmente parece que nos últimos anos tem sido ausente. Uma conduta, ou falta dela, da qual divirjo fortemente.
A Igreja Católica, na minha opinião, tem, ou deverá ter, dois campos de grande intervenção no espaço público. O primeiro que me parece ser cumprido é a caridade. A Igreja tem como obrigação dar resposta aos mais vulneráveis através de intervenção social. E fá-lo. Penso que existem poucos que discordam disto. E os que discordam, são, como diz Cristo: “homens sem inteligência” (Lucas 24, 25).
O segundo papel da Igreja está relacionado com a intervenção política. Ninguém aqui espera que a Igreja seja um partido, no entanto, espera-se de agentes sociais ativos opinião, formulação, argumentação, debate. Na minha opinião, a Igreja Católica, em Portugal, falha redondamente neste campo. Não se vê, ou é impercetível, opinião política de agentes pastorais. É verdade, ainda existem alguns a escrever em jornais, mas parecem centrar-se nas questões religiosas e nos casos pontuais e menos na profundidade da ação política e social.
E porque acontece isto? Falta de qualidade opinativa dos agentes pastorais? Já não existem religiosos intelectuais? Inexistência de liderança forte? Preconceito da comunicação social em relação à Igreja Católica? Existe falta de abertura a debates na comunicação social? O debate está minado pelos casos políticos pontuais? Parece-me um pouco de tudo. A Igreja, infelizmente foca toda a sua ação no debate identitário e das questões da vida e morte. E muito pouco no debate económico e social. Perde-se no debate filosófico. Perde-se com politiquices cirúrgicas sobre a eutanásia e a identidade de género, e esquece-se do debate sobre os mais vulneráveis.
Há quem defenda que a ausência da participação política da Igreja no debate político e intelectual está muito relacionada com a dependência da Igreja dos dinheiros públicos para a gestão das IPSS e unidades. Este argumento, se for verdade, é só parvo. É possível pensar que não existe intervenção política da Igreja contra a política do governo por causa dos dinheiros para as instituições? Que aconteceria se a Igreja fechasse as instituições? Onde está o Estado?
Ausente do serviço social, encaminhando-o para as instituições, sendo grande parte delas geridas pela Igreja. Ou seja, o Estado e o Governo é parte interessada nesta atuação da Igreja, ainda que a financie em grande parte.
Por exemplo, onde está o debate sobre o subfinanciamento das instituições e unidades de cuidados paliativos? A Igreja tem ótima oportunidade de liderar este tipo de debates. Não o faz porquê? Ou se faz, é de maneira competente? É vivo o debate da Igreja sobre os contratos de associação de colégios estarem a diminuir o financiamento e a acabar? Onde está o debate sobre a ação social? Porque não está a Igreja no debate sobre os pobres?
Relembro as palavras de Francisco sobre a política ser a “forma mais alta” de caridade. A Igreja deixou essa caridade. Longe vão os tempos em que todos os dias se lia padres a escrever nos jornais. Longe vão os tempos em que os padres debatiam com políticos. Hoje estão ausentes
do debate. Vão ao sabor dos (poderes) políticos…”
Paulo Vigário
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